Batman #608, arte de Jim Lee e Scott Williams
Batman, The Killing Joke, Alan Moore e Brian Bolland
Depois do sucesso de Iron Man este Verão, os super-heróis atacam de novo em força as salas de cinemas com o novo filme de Batman, O Cavaleiro das Trevas, realizado por Christopher Nolan, o sexto filme em torno do herói.
Criado por Bob Kane na década 30, Batman, o herói sem super-poderes e o alter-ego do magnata Bruce Wane, em conjunto com um carismático grupo de vilões, tornou-se imensamente popular ao longo das décadas e originou uma série de adaptações para rádio, cinema e televisão. Nos anos oitenta, a personagem foi revitalizada através de uma série de BD’s icónicas de autores como Frank Miller ou Alan Moore, culminando no primeiro filme de Batman, realizado por Tim Burton.
Os dois filmes de Tim Burton, Batman (1989) e Batman Returns (1992) , foram seguidos por Batman Forever (1995) e Batman & Robin (1997) de Joel Schumacher, mas a última adaptação foi de tal forma crucificada pelo público e crítica que a popularidade de Batman caiu a pique, sendo consequentemente ridicularizado e enterrado por Hollywood.
Seriam precisos outros oito anos e um realizador como Christopher Nolan (Memento, Insomnia) para ressuscitar Batman e criar uma nova imagem ambiciosa, em sintonia com o melhor que a história de Batman tinha para oferecer. Batman Begins (2005) vai de encontro às raízes da personagem, oferecendo um retrato convicente e realista de Gotham City e os seus habitantes.
E agora a sequela, O Cavaleiro das Trevas, atingiu as salas de cinema nas últimas duas semanas, desencandeado uma nova onda de popularidade massiva, que iguala o sucesso criado em torno do Homem-Aranha.
O Cavaleiro das Trevas regressa à realidade dura e negra de Gotham City, mas desta vez Bruce Wayne/Batman (Christian Bale) tem de enfentar o seu arqui-inimigo, o Joker (Heath Ledger). Muitas das expectativas do filme foram geridas em torno da figura icónica do Joker, já anteriormente bem representada por Jack Nicholson, mas a tragédia afectou a produção do filme quando seis meses antes da estreia, o actor Heath Ledger faleceu de overdose acidental de medicamentos.
Mesmo tendo já terminado as suas cenas, a sua morte súbita e prematura concentrou ainda mais as atenções num filme já de si muito esperado e popular. No entanto, esquecendo todos os acontecimentos que rodearam a produção do filme, o Cavaleiro das Trevas tem muito para oferecer em matéria de entretenimento e boa acção.
Em primeiro lugar, é sempre um prazer ver uma adaptação de um herói da banda-desenhada extremamente levada a sério, como deveria ser (longe vão os tempos da série televisiva protagonizada por Adam West…). A figura de Batman tem um lado negro que é totalmente explorado e exposto por Nolan, muitas vezes equiparando-o ao psicótico Joker. Uma nova personagem é introduzida, Harvey Dent, o procurador-geral empenhado em limpar Gotham City da corrupção e libertá-la das garras da Máfia. Mas o Joker, um criminoso com cicatrizes no rosto e maquilhagem de palhaço, tem os seus próprios planos e liberta uma onda de caos que abala os alicerces de Gotham.
Se há algo a apontar ao filme é talvez o caos excessivo. As cenas de acção sucedem-se umas às outras numa velocidade vertiginosa e por vezes torna-se difícil acompanhar o ritmo frenético. Mas algumas dessas cenas são maravilhosas (alternando com outras menos conseguidas); a abertura com o roubo do banco, as imagens aéreas impressionantes de Gotham (na realidade, Chicago) e Hong kong, o funeral do comissário de polícia, a perseguição de Batman e Joker pelas ruas de Gotham, e muitas outras que talvez devessem ter sido alternadas com mais diálogos ou cenas psicológicas em torno de Bruce Wayne, do qual infelizmente vê-se pouco. Ou dar mais destaque ao uso perverso da tecnologia para proteger os cidadãos, ao mesmo tempo que viola os seus direitos. E certamente que a tecnologia desempenha um papel importante, pois provavelmente os gadgets de Batman fariam corar de vergonha o James Bond.
O resultado final é um grandioso espectáculo com um argumento complexo e de difícil montagem, absolutamente centrado no combate ao crime, e não é inteiramente mal sucedido, embora talvez devesse ter sido mais temperado com alguma da angústia, pathos e evolução psicológica de Bruce Wayne apresentada em Batman Begins. Claro que um elenco de actores de cinco estrelas faz maravilhas e são todos extremamente competentes em representar as suas personagens, em especial, Gary Oldman como o detective Gordon, Aaron Eckhart no papel de Harvey Dent e Heath Ledger como o Joker. Mas não é despropositado referir que não basta ver uma vez, mas repetidas vezes, se queremos captar os detalhes da história na sua totalidade.
Batendo recordes de bilheteira no fim de semana de abertura nos EUA, é curioso notar que os dois maiores sucessos de 2008 tenham sido, até agora, adaptações de super-heróis ao grande ecrã, nomeadamente, o Homem de Ferro e o Batman. Estamos a viver a era dourada dos super-heróis da banda-desenhada (seja DC Comics, Marvel, ou outra qualquer) e muitas outras adaptações vêm a caminho, prontas para tomar de assalto o público e mostrar-lhe o universo rico da banda-desenhada.
O Cavaleiro das Trevas de Christopher Nolan está actualmente em exibição nas salas de cinema portuguesas
Read Full Post »