Terminado Os Reinos do Norte do autor Phillip Pullman, o segundo volume continua o relato das aventuras de Lyra Belacqua e o seu génio Pantalaimon. Desta vez, o autor expande as aventuras da personagem por vários mundos paralelos, tendo como novidade a introdução de uma personagem vital no rumo dos acontecimentos – Will Parry.
É com Will que começa a narrativa, um rapaz de aproximadamente a mesma idade que Lyra, um foragido no seu mundo e determinado a descobrir o paradeiro de seu pai, um explorador há muito desaparecido. Nas suas deambulações e na sua fuga, encontra Lyra, pertencente a um mundo semelhante, e ao mesmo tempo, diferente do seu. Juntos, desafiam os poderes ocultos da misteriosa cidade da torre dos Anjos, inconscientes da importância que terão no grande esquema dos eventos postos em marcha por Lord Asriel.
As crianças são forçadas a crescer antes do seu tempo e a lutar contra a ambição desmedida e a crueldade dos adultos, com especial realce para Will, a personagem de maior complexidade neste volume e a que se destaca dos restantes, suplantando a própria Lyra.
De facto, não se deixa de lamentar o fraco desenvolvimento das restantes personagens, introduzidas em Os Reinos do Norte. Mrs. Coulter, Lee Scoresby ou Sir Charles Lathrom são algumas excepções. Mary Malone, que se prevê que desempenhe um papel preponderante no final, não foi mais do que uma personagem descrita superficialmente, merecedora de maior atenção e profundidade, como o urso Iofur Raknison tinha-o sido merecedor no 1º volume.
Outro aspecto que torna A Torre dos Anjos um livro difícil de se sustentar por si próprio, sem a menção da trilogia no seu conjunto, consiste na ausência de Lord Asriel. Ainda que seja uma personagem ausente, sempre presente, o leitor tem apenas uma vaga noção dos planos que estão a ser delineados por este homem consciente dos erros da Igreja ao longo dos séculos. Maior destaque poderia ter sido conferido ao plano fundamental – o religioso – que move toda a narrativa, de modo a que se pudesse atribuir a devida importância aos feitos de Wil e Lyra.
Mas o que mais sobressai em especial neste livro, e que não poderia deixar de ser notado, consiste na faca subtil e a sua habilidade em literalmente cortar janelas entre mundos paralelos. Assim, a faca junta-se ao Aletiómetro como instrumentos preciosos, de alguma forma relacionados com Pó, e que poderão vir a revelar-se a queda ou ascensão de ambas as crianças.
Ainda que o leitor se depare, por vezes, com algumas soluções narrativas fracas ao longo do livro e com um pobre desenvolvimento de personagens, não deixa de ser enormemente cativante a leitura e continua a mesma forma de contar histórias presente em Reinos do Norte, em que as palavras escorrem como lava fluida.
E os contornos da grande batalha que irá tomar lugar começam a ser definidos. As hostes de Asriel reúnem-se e preparam-se para defender uma causa que acreditam ser justa contra a tirania de uma Igreja que há muito assumiu um papel vilão. Mas serão as coisas assim tão simples? Não pretenderá Lord Asriel atingir muito mais além do plano terreno e material dos universos paralelos?
O facto de A Torre dos Anjos terminar em suspense e de forma, diria cruel, apenas torna mais urgente o desejo do leitor em encontrar todas as respostas no livro que encerra a série, O Telescópio de Âmbar – The Amber Spyglass.
Gostei bastante deste volume, mas acho que o melhor da trilogia é mesmo o terceiro. Este livro serve mais de ponte de ligaçao do que propriamente para desenvolver ideias. O surgimento de personagens importantissimas no desenlace final no terceiro livro obrigou a que neste não se possa ter avançado tanto na historia como seria de esperar.
Mas na minha opinião continua a ser um grande livro, e melhor que o primeiro da trilogia, que tambem já o era.
gostaria de ler o livro
gostei muito do anterior
ai que lindo o anjo