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Archive for Julho, 2005

Desconhecidos em Portugal, Heike e, principalmente, Wolfgang Hohlbein, autor de mais de 200 livros, são dos escritores mais bem sucedidos na área do Fantástico no seu país natal, a Alemanha. O sucesso é tal que até a filha, Rebecca Hohlbein, se lançou na escrita de Fantasia.

A Cidade Morta (Die tote Stadt, 2004) é o primeiro volume da quadrilogia Anders, um cruzamento entre um romance juvenil de ficção científica e um thriller apocalíptico, discutindo as possibilidades do (mau) uso da manipulação genética.

Sinopse: Quando o pequeno Cessna é forçado a uma aterragem de emergência num vale distante, Anders e Jannik vão parar a uma sinistra cidade em ruínas sem o menor sinal de vida. Em vez de uma equipa de salvamento, surgem homens vestidos com fatos de protecção negros. Sem aviso, abrem fogo sobre eles. Durante a fuga, Anders cai nos braços da enigmática Katt. Esta leva-o até aos homens-animais que vivem no outro lado da cidade. Mas estes não ficam entusiasmados por ser humano…

Editora Nova Gaia, ISBN: 9727124089, pvp: 14,95 euros.

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A Argonauta Gigante publicou recentemente, pela primeira vez em Portugal, uma obra do autor polaco de fantasia, Andrzej Sapkowski.

The Hexer

Geralt de Riv é um personagem estranho, um mutante que, graças à magia e a um longo treino, mas também a um misterioso elixir, se tornou um assassino perfeito. Os seus cabelos brancos, os seus olhos que vêem melhor de noite que de dia, o seu manto negro, assustam e fascinam. E Geralt dedica-se a viajar por terras pitorescas, ganhando a vida como caçador de monstros. Pois nos tempos obscuros que lhe couberam em sorte abundam ogres e vampiros, e os magos são especialistas da manipulação. Contra todas essas ameaças, um assassino hábil é um recurso indispensável. Ora Geralt, que é ao mesmo tempo um guerreiro e um mago, tem capacidades que o fazem impor-se a todo esse estranho mundo. É um feiticeiro. E é absolutamente único.

A personagem de Geralt de Riv, a mais famosa criação de Sapkowski, foi desenvolvida na série que se dá pelo nome de Sangue dos Elfos , consistindo num ciclo de cinco romances e duas colectâneas de contos, gozando de grande sucesso na Europa do Leste. A obra já sofreu uma adaptação televisiva polaca e, em 2001, foi adaptada para o cinema, revelando-se, no entanto, um fracasso de bilheteiras.

Geralt é mais conhecido pelo nome de The Hexer, e a sua primeira aventura encontra-se agora disponível em português, pela editora Livros do Brasil.

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Terminado Os Reinos do Norte do autor Phillip Pullman, o segundo volume continua o relato das aventuras de Lyra Belacqua e o seu génio Pantalaimon. Desta vez, o autor expande as aventuras da personagem por vários mundos paralelos, tendo como novidade a introdução de uma personagem vital no rumo dos acontecimentos – Will Parry.

É com Will que começa a narrativa, um rapaz de aproximadamente a mesma idade que Lyra, um foragido no seu mundo e determinado a descobrir o paradeiro de seu pai, um explorador há muito desaparecido. Nas suas deambulações e na sua fuga, encontra Lyra, pertencente a um mundo semelhante, e ao mesmo tempo, diferente do seu. Juntos, desafiam os poderes ocultos da misteriosa cidade da torre dos Anjos, inconscientes da importância que terão no grande esquema dos eventos postos em marcha por Lord Asriel.

Subtle Knife

As crianças são forçadas a crescer antes do seu tempo e a lutar contra a ambição desmedida e a crueldade dos adultos, com especial realce para Will, a personagem de maior complexidade neste volume e a que se destaca dos restantes, suplantando a própria Lyra.

De facto, não se deixa de lamentar o fraco desenvolvimento das restantes personagens, introduzidas em Os Reinos do Norte. Mrs. Coulter, Lee Scoresby ou Sir Charles Lathrom são algumas excepções. Mary Malone, que se prevê que desempenhe um papel preponderante no final, não foi mais do que uma personagem descrita superficialmente, merecedora de maior atenção e profundidade, como o urso Iofur Raknison tinha-o sido merecedor no 1º volume.

Outro aspecto que torna A Torre dos Anjos um livro difícil de se sustentar por si próprio, sem a menção da trilogia no seu conjunto, consiste na ausência de Lord Asriel. Ainda que seja uma personagem ausente, sempre presente, o leitor tem apenas uma vaga noção dos planos que estão a ser delineados por este homem consciente dos erros da Igreja ao longo dos séculos. Maior destaque poderia ter sido conferido ao plano fundamental – o religioso – que move toda a narrativa, de modo a que se pudesse atribuir a devida importância aos feitos de Wil e Lyra.

Mas o que mais sobressai em especial neste livro, e que não poderia deixar de ser notado, consiste na faca subtil e a sua habilidade em literalmente cortar janelas entre mundos paralelos. Assim, a faca junta-se ao Aletiómetro como instrumentos preciosos, de alguma forma relacionados com Pó, e que poderão vir a revelar-se a queda ou ascensão de ambas as crianças.

Ainda que o leitor se depare, por vezes, com algumas soluções narrativas fracas ao longo do livro e com um pobre desenvolvimento de personagens, não deixa de ser enormemente cativante a leitura e continua a mesma forma de contar histórias presente em Reinos do Norte, em que as palavras escorrem como lava fluida.

E os contornos da grande batalha que irá tomar lugar começam a ser definidos. As hostes de Asriel reúnem-se e preparam-se para defender uma causa que acreditam ser justa contra a tirania de uma Igreja que há muito assumiu um papel vilão. Mas serão as coisas assim tão simples? Não pretenderá Lord Asriel atingir muito mais além do plano terreno e material dos universos paralelos?

O facto de A Torre dos Anjos terminar em suspense e de forma, diria cruel, apenas torna mais urgente o desejo do leitor em encontrar todas as respostas no livro que encerra a série, O Telescópio de Âmbar – The Amber Spyglass.

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Foxmask

Juliet Marillier

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Espelho Negro

Após o reconhecimento internacional obtido através da trilogia Sevenwaters e A Saga das Ilhas Brilhantes, a autora neo-zelandesa Juliet Marillier lança a sua nova trilogia As Crónicas de Bridei, publicada pela Editora Bertrand.

A nova saga, que se estreia com o Livro 1- Espelho Negro – desenrola-se no reino dos Pictos, em meados do séc. VI, e descreve o percurso desde a infância até à maturidade do jovem Bridei, criado pelo poderoso druida Broichan.

Marillier

Mais uma vez, encontramos na obra da autora o tema recorrente do confronto entre as antigas e novas tradições emergentes em que as personagens são colocadas perante difíceis escolhas entre o amor e o dever, o desejo e a lealdade.

Nos últimos anos, Juliet Marillier tem sido uma das escritoras mais notadas pelo seu percurso literário que tem dado consistentemente provas de grande talento na área de fantasia histórica.

Os novos volumes, a ser ainda publicados, terão o título de Blade of Fortriu e The Well of Shades.

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Dois anos após o lançamento do quinto volume da série – Harry Potter e a Ordem da Fénix – eis que chega às livrarias a edição inglesa do aguardado sexto e penúltimo volume – Harry Potter and the Half-blood Prince.

Potter

Não existe nenhum outro fenómeno à escala planetária com igual sucesso de vendas. À meia-noite do dia de hoje, filas ir-se-ão formar para adquirir um volume a qualquer custo. Os cinco primeiros volumes venderam, em todo o mundo, 275 milhões de exemplares e o sexto já bateu recordes de venda em pré-encomendas.

E a que se deve este enorme sucesso?
A aventura começou em Harry Potter e a Pedra Filosofal , a história de um pequeno rapaz que, aos 11 anos de idade, descobre ser filho de pais feiticeiros e é transportado para um mundo alternativo onde impera a magia. Cria grandes amizades, enfrenta os maiores perigos, ganha conhecimento dos seus poderes, mas também descobre que encontra um terrível oponente na figura do seu inimigo, Voldemort.
E permeando tudo isto, um tom jovial e humorísitico a par de dramático, ao longo de um enredo que, apesar de nunca ser verdadeiramente original, tem todos os igredientes habituais para garantir o deleite dos mais novos e também adultos.

Harry Potter and the Half-Blood Prince constitui, assim, o sexto volume de uma série de sete que segue a ordem – A Pedra Filosofal, A Câmara dos Segredos, O Prisioneiro de Azkaban, O Cálice de Fogo e a Ordem da Fénix.
Para os fans portugueses que não lêem em inglês, a Editorial Presença prevê o lançamento da edição portuguesa para o mês de Outubro, ainda sem título definido.

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Em Inteligência Artificial de Steven Spielberg são entidades alienígenas de um futuro distante que concretizam o maior desejo da criança andróide. Seres amistosos e protectores que conservam a memória da raça extinta humana como um bem precioso.

Desta vez, em Guerra dos Mundos, do mesmo realizador, a resistência é inútil contra um ataque invasor perpetrado por marcianos, detentores de uma superioridade tecnológica que nenhum instrumento bélico humano pode igualar.
A obra de H. G. Wells, publicado pela primeira vez em 1898, encontra, mais de 100 anos passados aquando sua publicação, ecos perturbantes na realidade do séc. XXI. Já um clássico de FC, tornou-se parte do imaginário popular a invasão de marcianos que gerou um cenário apocalíptico – êxodos urbanos, destruição em massa – acabando por ser aniquilados inesperadamente e eficazmente por bactérias – But there are no bacteria in Mars, and directly these invaders arrived, directly they drank and fed, our microscopic allies began to work their overthrow.

Um leitor poderia dizer que se trata de uma obra datada e mais compreensível à luz de uma determinada época histórica marcada pela realidade britânica imperialista e pela aceitação gradual e controversa das teorias evolucionistas de Charles Darwin. Mas tal explica o fascínio da actualidade por esta obra, já por 3 vezes adaptada cinematograficamente no ano de 2005?

Guerra dos Mundos talvez seja o romance que, neste momento, espelhe melhor a vulnerabilidade do ser humano face a poderes tecnológicos, geradores de cenários distópicos. Acaba por ser profundamente tecnófobo.
Todavia, a sua leitura à luz da nossa realidade é antes um exorcismo dos medos que pairam constantemente sobre um mundo tomado pelo terror de um inimigo (des)conhecido.

E é nesse sentido que Spielberg pretendeu realizar a sua homenagem a Wells. Como uma homenagem também ao final de um século dominado pela insegurança e aqui talvez a palavra-chave seja, vulnerabilidade.

É através de Ray Ferrier, um homem divorciado, mais interessado em dar continuidade a uma modo de vida jovial e despreocupado, do que a tentar estabelecer comunicação com os seus dois filhos Robbie e Rachel, presentes apenas ao fim de semana, que assistimos a todo o ataque dos primeiros tripods.

O impacto dramático está muito bem conseguido nas cenas iniciais da tempestade electromagnética que pôs fim a toda os aparelhos eléctricos, passando pelo desenterrar do primeiro monstro que quebra o asfalto e remove prédios do sítio, exterminando humanos com o laser, reduzidos a cinzas. Ao ver Tom Cruise coberto de cinzas surge nas mentes dos espectadores, inevitavelmente, o 11 de Setembro; outras referências vão surgindo ao longo do filme; a queda do avião, a chuva de roupas. Como não podia deixar de ser, a alusão à ameaça do terrorismo, perfeitamente expressa através dos invasores.

WotW

Spielberg não deixa o filme perder o fôlego depois do impacto inicial e a fuga da família Ferrier para Boston, onde estaria presumivelmente a mãe das crianças, é assinalada por momentos difíceis e dramáticos, como a tentativa de roubo do carro por uma multidão totalmente tomada pelo pânico, pensando exclusivamente em sobreviver. Ou o ataque dos tripods ao barco e a reacção humana, marcada por desumanidade e falta de solidariedade, exceptuando os actos de Robbie.

O drama familiar atinge o auge quando Ray é forçado a tomar a escolha entre salvar um filho e outro. O homem egoísta apercebe-se então do amor pelos filhos e perante o desaparecimento de Robbie, fica totalmente destroçado. As impressões acerca do filme até aqui são óptimas, com óptimas interpretações. Não é fiel ao livro, mas está lá toda a lógica presente, ainda que de forma distorcida.

Até que Spielberg toma a decisão de enfiar as personagens numa cave por um inenarrável período de tempo que simplesmente pôs fim a toda a dinâmica do filme. E a fazer-lhes companhia temos Tim Robbins, num dos papéis mais absolutamente cliché e banais da história cinematográfica spielberguiana; se pretendiam um lunático perigoso, obtivemos uma personagem que nunca consegue convencer completamente o espectador e torna-se francamente histérica e, atrevo-me a dizer, risível.

A seguir, assistimos às opções duvidosas de inserir a minhoca marciana a rondar a cave e os próprios marcianos, mais parecendo uma ameaça ao nível dos Gremlins do que ao nível de perpetradores de uma catástrofe mundial.

E terminado o episódio da cave, somos transportados para um novo mundo surreal, grotesco, em tons vermelhos, de sangue humano. Já o filme então perdera toda a força e verosimilhança. Tom Cruise torna-se o action man das granadas e Dakota Fanning, a criança perturbada e em estado de choque.
O final é o final do livro, sendo uma versão obtusa e antiquada em relação às bactérias, tendo em conta de que se trata de uma adaptação para o séc. XXI. Até porque ainda se torna menos credível a opção de enterrar os tripods no solo durante milhares de anos, e de não os ter feito prever o flagelo das bactérias. Tantos planos esboçados contra nós pelo cano abaixo.

Dá-se a reunião familiar, encerrando em tons cor-de-rosa o filme, uma opção já criticada em Minority Report. Spielberg é o mestre da técnica cinematográfica e dos efeitos especiais, não há como duvidar disso, mas torna-se já patente, nos últimos anos, a sua dificuldade em levar a bom porto a conclusão narrativa dos seus filmes de pendor FC.

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Quantos de nós não terão já almejado secretamente sucesso para os tais contos que vão sendo escritos ao longo do tempo, pensando se teriam ou não valor? Quantos de nós não terão dirigido esforços para essas histórias fantásticas perdidas em gavetas, sem termos coragem ou conhecimento de um local de promoção e avaliação desses mesmos trabalhos?

Pois agora surgiu a solução para todas essas interrogações. E essa soluçao surge na forma de uma Antologia, sob a face de blogue, ou melhor, Antoloblogue – Um blogue sobre uma antologia de ficção científica e fantástico. Ou, se tudo correr bem, sobre uma série de antologias de ficção científica e fantástico.

Sob a responsabilidade de Luís Filipe Silva e Jorge Candeias, ambos estes autores e críticos juntam o seu know how e as suas respectivas revistas electrónicas Tecnofantasia e E-nigma, na promoção de uma antologia que visa coligir contos e noveletas de literatura fantástica moderna portuguesa. Porquê?

Como declaram no seu documento de intenções, Porque a literatura fantástica lusófona precisa de um espaço para espreguiçar – um espaço em que o tamanho não seja problema e as histórias não sejam contadas à pressa. […] Porque um autor não consegue fazer-se ouvir apenas na internet, e o livro físico ainda tem presença. Porque é preciso juntar autores e leitores. Porque queremos tornar-nos num hábito.

Uma iniciativa, que a ser bem sucedida, poderá vir a ser um representante do melhor que se tem escrito em literatura fantástica lusa. Para mais informações sobre como submeter textos, acedam ao Antoloblogue.

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Qual a probabilidade de duas editoras distintas publicarem quase ao mesmo tempo o mesmo livro de “proto-ficção científica”, escrito no século XIX? Aparentemente, em Portugal, essa probabilidade torna-se uma certeza!

Com poucos meses de intervalo, surgiram no mercado nacional A Raça Futura, na colecção Argonauta, e Vril – O Poder da Raça Vindoura, pela Editora Vega. São duas encarnações do mesmo livro, The Coming Race (1871), do escritor inglês Edward Bulwer-Lytton.

Sinopse: Lord Edward George Bulwer Lytton (1803-1873) é universalmente conhecido como o autor de “Os Últimos Dias de Pompeia” (1834), grande clássico da Literatura inglesa. Atraído pelo Fantástico nas suas diversas facetas, Lytton publicou, em 1871, no célebre “Blackwood’s Magazine” um romance que, inserindo-se ainda na escola gótica, tem a originalidade de abordar temas que iriam ser correntes na Ficção Científica, servindo de ponte entre a “Utopia”, de Thomas More, e algumas das obras de H.G. Wells. O mito da Atlântida, a existência de prodigiosas forças electromagnéticas, as potencialidades da Ciência e da Tecnologia, a adopção de modelos sociais aperfeiçoados – tudo isso perpassa na história dessa “raça futura” que, um dia, emergindo das profundezas do planeta, dominará o mundo.

Editora Livros do Brasil, Colecção Argonauta nº555, ISBN: 9723827093, pvp: 6 euros.
Editora Vega, Colecção O Portal Ficção, ISBN: 9726998069, pvp: 14,70 euros.

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